terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Os Oito Princípios Universais da Cura


PROPICIAM SAÚDE E BEM-ESTAR

1. Dieta balanceada
2. Exercícios diários e semanais
3. Tempo reservado a brincadeiras, lazer e riso
4. Música, sons e cantos
5. Amor, toque e sistemas de apoio
6. Engajar-se em programas de interesse, hobbies e atividades criativas
7. Natureza, beleza e ambientes saudáveis
8. Fé e crença na espiritualidade
Angeles Arrien 
O Caminho Quádruplo






quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Medicina Tradicional Chinesa – teoria básica


            Explicação breve sobre o conceito de Qi, Teoria do Yin-Yang e Teoria dos Cinco Elementos.

Qi          

 O conceito de Qi é de grande importância para a MTC e apresenta uma amplitude de significados. No Ocidente, o Qi foi traduzido como “energia”, porém esse termo não é tão adequado para o sentido que os chineses dão ao Qi em sua cultura.
            Na filosofia Chinesa, Qi se caracteriza por ser algo que é material e imaterial ao mesmo tempo, podendo ser tão material como o arroz, quanto tão imaterial e rarefeito como o vapor (MACIOCIA, 1996). Qi é considerado a base de tudo o que existe no universo, tudo contém Qi.
            Na prática da Medicina Chinesa, observa-se o fluxo de Qi no corpo humano, sua fluidez, localização, a forma como se manifesta. Considera-se que o Qi dos seres humanos é derivado da interação do Qi da Terra com o Qi do Céu. (MACIOCIA, 1996).
            O Qi assume diferentes formas e funções dependendo do local e situação, embora continue sendo o mesmo Qi. A Essência (Jing), os Fluídos Corpóreos, o Sangue, a Mente, etc., são tudo manifestações e formas de Qi.
Em outras tradições também se fala sobre o Qi, por exemplo, para os Japoneses assume o nome de Ki, para a Medicina Ayurvédica é o Prana, em Hebraico é Ruah, entre muitos outros nomes existentes (SUI, 1994).


Yin e Yang     

            O Yin-Yang é um conceito de grande importância para a MTC e a sua mais antiga referência se remete, provavelmente, ao Livro das Mutações – Yi Jing (Book of Changes) datado por volta de 700 a.C (MACIOCIA, 1996).
Toda a fisiologia, patologia e tratamento da MTC podem ser ocasionalmente, limitados ao Yin-Yang e seu conceito é simples, porém profundo (MACIOCIA, 1996). Essa teoria (Yin-Yang) originou-se através da observação dos fenômenos naturais e primeiramente indicava a orientação da luz do sol, onde a face virada para o sol correspondia ao Yang e a face contra o sol correspondia ao Yin (HE; BAY, 1999).
Podem-se perceber algumas correspondências referentes ao Yin e Yang, tais como Maciocia (1996) cita:

                               Yin                                          Yang
                        Escuridão                                  Luminosidade
                        Sombra                                     Brilho
                        Lua                                           Sol
                        Descanso                                  Atividade
                        Terra                                        Céu
                        Plano                                        Redondo
                        Espaço                                     Tempo
                        Oeste                                       Leste
                        Norte                                       Sul
                        Direita                                     Esquerda
                        Feminino                                 Masculino
                        Interno                                    Externo

            Observa-se que o Yin e Yang se tornam dois lados oposto de algo, ou seja, a dualidade existente no universo. São duas forças que se complementam e se relacionam entre si. Maciocia (1996) menciona quatro aspectos do relacionamento entre Yin e o Yang:
- Oposição: Yin e Yang são duas forças opostas, porém que se complementam e se interagem. Nada é totalmente Yin ou Yang, tudo contém a semente de seu Oposto e a oposição é relativa, ou seja, algo é mais ou menos Yang relativo a alguma outra coisa.
- Interdependência do Yin e Yang: um não pode existir sem o outro. Exemplo: após o dia vem a noite, contração – relaxamento, interno – externo, entre outros.
            - Consumo Mútuo: Yang em excesso consumirá Yin e vice-versa, ou seja, estão num estado constante de equilíbrio dinâmico.
            - Inter-relacionamento do Yin e Yang: um se transforma no outro, por exemplo, o dia se transforma na noite e vice-versa. É um estado dinâmico, porém estas mudanças acontecem somente em determinados estágios de desenvolvimento de algo.


Símbolo do Yin-Yang
(Figura obtida em: http://z.about.com/d/taoism/1/0/0/-/-/-/yinYang.gif)


Cinco Elementos  

            A Teoria dos Cinco Elementos foi desenvolvida pela escola filosófica chamada de “Naturalista ou Yin-Yang” e seu expoente principal foi Zou Yan (350-270 a.C.). Essa Teoria (Cinco Elementos), inicialmente, tinha conotações Naturalistas e Políticas, onde cada soberano apresentava características de determinado elemento e as cerimônias também eram adequadas a esse elemento (MACIOCIA, 1996).
            Os elementos são considerados qualidades da natureza e são vitais para a manutenção da vida, pois estão num ciclo de constante transformação e mudança onde se interagem um com outros e com toda a natureza para manter a vida em equilíbrio. Maciocia (1996, p. 24), afirma que os “Cinco Elementos representam cinco qualidades diferentes do fenômeno natural, cinco movimentos e cinco fases no ciclo das estações.”
            Os Cinco Elementos são Fogo, Terra, Metal, Água e Madeira, e cada um contém um movimento, ou seja, cinco direções diferentes de movimento: Fogo é ascendente, Madeira tem um movimento expansivo e exterior em todas as direções, Metal é contraído e interior, Água é descendente e Terra, estabilidade e neutralidade. Com relação às estações, Fogo corresponde ao verão, Metal ao Outono, Madeira à Primavera, Água ao Inverno e Terra corresponde ao tempo entre as estações (MACIOCIA, 1996).
            Quanto à qualidade inerente dos elementos e correspondência com os sabores pode-se perceber que a Água absorve, umedece em descendência e tem sabor (ou aroma) salgado, o Fogo é amargo e chameja em ascendência, a Madeira pode ser dobrada, esticada e tem sabor azedo, o Metal é picante e pode ser moldado e enrijecido, e a Terra é doce e permite disseminar, crescer e colher (MACIOCIA, 1996).
            Os Cinco Elementos se inter-relacionam de várias maneiras, tais como: o relacionamento na seqüência de Geração, de Controle, seqüência de Excesso de Trabalho e de Lesão.
            - Seqüência de Geração: cada elemento ao mesmo tempo em que gera outro também é gerado. Assim sendo, Fogo gera a Terra que gera Metal, Metal gera Água que gera Madeira, Madeira gera Fogo.
            - Seqüência de Controle: cada elemento controla o outro e também é controlado. Deste modo, Fogo controla Metal que controla Madeira, Madeira controla Terra que controla Água, Água controla o Fogo.
            Pode-se observar, na figura abaixo, a seqüência de Geração e Controle:                           
                                
   
(Figura obtida em:  http://www.portalterapiaoriental.com.br/img/5-elementos_clip_image001.jpg)


            - Seqüência de Excesso de Trabalho: ocorre quando cada elemento controla excessivamente um ao outro, seguindo a mesma ordem da seqüência de Controle. Neste caso o equilíbrio é quebrado e um elemento pode ficar excessivo em relação ao outro.
            - Seqüência de Lesão: acontece quando o ciclo de controle fica na ordem inversa, ocorrendo desequilíbrios. Dessa forma, Terra lesa Madeira, Madeira lesa Metal, Metal lesa Fogo, Fogo lesa Água e a Água lesa Terra.
            A Teoria dos Cinco Elementos também utiliza de um sistema de correspondências, na qual muitos fenômenos diferentes são integrados num mesmo elemento. Os chineses observaram que há atributos da natureza que se conectam a outros fatos através de ressonância, por exemplo, quando se observa que o elemento Fogo corresponde ao Verão, ou seja, são características semelhantes que os unem.
            A tabela abaixo demonstra algumas correspondências:




MADEIRA
FOGO
TERRA
METAL
ÁGUA
Estações
Primavera
Verão
Entre estações
Outono
Inverno
Direções
Leste
Sul
Centro
Oeste
Norte
Cores
Verde
Vermelho
Amarelo
Branco
Preto
Sabores
Azedo
Amargo
Doce
Picante
Salgado
Climas
Vento
Calor
Umidade
Secura
Frio
Estágio de Desenvolvimento
Nascimento
Crescimento
Transformação
Colheita
Estoque
Emoção
Cólera
Raiva
Mania (Euforia)
Preocupação, ansiedade (obsessão)
Melancolia
Medo (Pânico, trauma, choque)
Odor
Rançoso
Queimado
Adocicado, perfumado
Picante
Salgado
Secreção
Lágrima
Suor
Saliva
Catarro, muco
Urina
Som
Grito
Riso
Canto
Choro
Gemido
Idade
Infância
Adolescência
Juventude, Maturidade
Velhice, maturidade mental
Velhice, morte, gestação
Órgão (Zang)
Fígado
Coração
Baço/Pâncreas
Pulmão
Rim
Víscera (Fu)
Vesícula Biliar
Intestino Delgado
Estômago
Intestino Grosso
Bexiga
Tecidos
Tendão, ligamentos, articulações
Vasos
Tec. Conjuntivo, adiposo
Pele
Ossos, cartilagem
Anexos
Unha
Pulso
Carne
Pêlo
Dente
Yin Yang
Yang Vazio
Yang cheio
Equilíbrio
Yin Vazio
Yin Cheio
Sentido/Órgão
Visão/Olho
Língua/Tato
Boca/Paladar
Olfato
Nariz
Audição
Ouvido
Energia
Sangue (Xue)
Mente (Shen)
Líquidos Orgânicos (Jin Ye)
Qi (Wei)
Essência
 (Jing)
Grãos
Ervilha
Centeio, Soja
Arroz, Trigo, Feijão, Milho
Cânhamo
Linhaça, painço
Carne
Frango
Carneiro
Boi
Cavalo
Porco
Animais
Peixe, Ovelha
Pássaro
Homem, Boi
Cachorro
Animais c/ concha
Número
3, 8
2, 7
5, 10
4, 9
1, 6
Planeta
Júpiter
Marte
Saturno
Vênus
Mercúrio


Observando a essa tabela de correspondências acima, podem-se perceber muitas relações existentes entre os elementos e vários aspectos da natureza, e também em relação ao organismo humano.
            A Teoria dos Cinco Elementos vem demonstrar que os Chineses, através da observação, percebiam muitas relações existentes entres as coisas, entre a natureza e o ser humano.

Referências

HE, Y.H.; BAI, Z. Teoria básica da medicina tradicional chinesa. São Paulo: Atheneu, 1999.

MACIOCIA, G. Os fundamentos da medicina chinesa: um texto abrangente para acupunturistas e fitoterapeutas. São Paulo: Roca, 1996.

SUI, C.K. A antiga ciência e arte da cura prânica: manual prático de cura pelas mãos. 5º ed., São Paulo: Ground, 1994.